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Caminho de Santiago - Em que altura do ano?

Caminho de Santiago - Em que altura do ano?

Uma das dúvidas mais frequentes dos Peregrinos passa por questionar qual a melhor altura do ano para partir rumo a Santiago de Compostela. Contudo, não é possível indicar qual "a melhor altura do ano", até porque as principais condicionantes para essa escolha são, normalmente, pessoais, familiares e/ou profissionais. Além disso, as várias estações do ano oferecem caraterísticas diferentes ao Caminho que poderão condicionar, também, a decisão do Peregrino. 

Os dados disponibilizados pela Oficina do Peregrino (com base nos Peregrinos que foram acolhidos em Santiago de Compostela, por esta entidade, durante o ano de 2017) permitem constatar, relativamente ao Caminho Português de Santiago, que a grande maioria dos Peregrinos (93,3%) opta por percorrer o Caminho entre abril e outubro (sete meses), sendo residual o número (6,7%) que opta pelos restantes cinco meses do ano (de novembro a março). O mês de agosto é o “preferido” pelo maior número de Peregrinos com, aproximadamente, 20% do número total relativo ao Caminho Português de Santiago.

Analisando os dados por local de partida para a Peregrinação pelo Caminho Português de Santiago, constata-se que a grande maioria dos Peregrinos inicia a sua Peregrinação no Porto (ou a norte do Porto) destacando-se, nos meses de verão, os locais de início “típicos” para os que pretendem obter a Compostela, percorrendo "somente" os 100 km "obrigatórios" (início em Valença ou em Tui).

De facto, se prefere caminhar em paz e tranquilidade, os meses de início de primavera apresentam um menor número de Peregrinos (e, também de turistas). A maioria dos Albergues de Peregrinos do Caminho Português estão abertos todo o ano, não havendo problemas de acesso a alojamento. Mesmo os alojamentos que encerram durante o inverno, retomam a sua atividade, normalmente, no início de março. Caminhar na primavera permite observar as primeiras flores do ano em boas condições climatéricas para caminhar. Contudo, tal como no inverno, o menor número de Peregrinos torna o Caminho menos seguro em zonas não povoadas (na eventualidade de queda ou lesão, poderá demorar algum tempo a ser possível obter apoio por um outro Peregrino), as noites são normalmente frias e são correntes períodos de chuva abundantes, especialmente na Galiza. Roupa quente e proteções para a chuva são essenciais para uma Peregrinação nestas alturas do ano.

Os restantes meses de primavera e os meses de verão são, normalmente, mais quentes (em pleno verão, durante o dia, podem alcançar-se temperaturas da ordem 35 ºC a 40 ºC e, as noites, são “abafadas”, especialmente nos Albergues de Peregrinos, sem climatização) e com mais Peregrinos no Caminho. A Peregrinação na segunda quinzena de julho (especialmente em anos “santos” – quando o Dia de Santiago, 25 de julho, é um domingo) e em agosto, pode, até, transformar-se num autêntico “pesadelo” pela sobrelotação dos Albergues de Peregrinos, dificultando todo e qualquer período de “introspeção”. A utilização de protetores solares (cremes e chapéu) é vital para uma Peregrinação mais confortável pois existem vários percursos sem qualquer sombra (as queimaduras solares, se forem significativas, poderão "obrigar" à desistência do Peregrino). Adicionalmente, deve-se optar por caminhar nas primeiras horas do dia e ingerir bastantes líquidos (água) durante a caminhada para não se correr o risco de desidratação.  

O período de outono (isto é, da segunda quinzena de setembro a novembro) proporcionam, na maioria das vezes, um clima mais estável do que o período da primavera, os picos de calor são inexistentes (ou menos intensos) e os Albergues de Peregrinos possuem capacidade de alojamento para todos os Peregrinos (embora, normalmente, próximos da capacidade máxima).

Para os Peregrinos mais “experientes”, o inverno poderá proporcionar experiências mais “intensas”. Além disso, os preços são normalmente inferiores e a Peregrinação “isolada” potencia a introspeção e a reflexão. Nesta altura do ano, o recurso a roupas impermeáveis e quentes são essenciais e, normalmente, é necessário recorrer a serviços de secagem de roupa durante as paragens nos Albergues. Não esquecer, também, que alguns percursos podem encontrar-se intransitáveis pela acumulação de água e que o número de horas disponíveis para caminhar é menor (cerca de 8 horas) condicionando, desta forma, a distância possível de percorrer durante uma etapa.

Salienta-se, contudo, que o clima, especialmente na Galiza, é muito imprevisível. Por isso, esteja sempre preparado para qualquer eventualidade.

E... Bom Caminho!